Descubra como o Comando Vermelho expandiu seu domínio no Rio, superando milícias em 2023. Análise detalhada do cenário criminal.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A paisagem criminal na região metropolitana do Rio de Janeiro enfrentou transformações significativas ao longo de 2023, com o Comando Vermelho (CV) registrando um crescimento expressivo em sua área de atuação. De acordo com estudos recentes, esse grupo criminoso foi a única organização a expandir seu território, contrastando com as milícias que viram uma redução considerável em seus domínios.
Como o Comando Vermelho ampliou sua influência?
O estudo colaborativo entre o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) e o Instituto Fogo Cruzado destaca este crescimento como parte de um panorama que mostra o CV agora controlando 51,9% das áreas de comando criminoso, um aumento de 8,4%.
Qual a situação das milícias frente a este crescimento?
Contrastando com a expansão do CV, as milícias sofreram uma queda acentuada, controlando agora 38,9% dos territórios criminosos, um decréscimo de 19,3%. Esta mudança marca uma alteração significativa no equilíbrio de poder dentro da região, com o Comando Vermelho avançando sobre áreas anteriormente dominadas por milicias.
Antecedentes e Implicações Dessa Expansão
A ocupação territorial do CV e das milícias no Rio de Janeiro não é uma novidade. No entanto, a escalada recente revela nuances importantes sobre como a dinâmica do poder criminal tem se reconfigurado. Notavelmente, o estudo mostra que o CV controlava uma área de 242 km² em 2023, o maior território sob seu domínio desde o início dos levantamentos em 2008.
O que define a diferença de atuação entre traficantes e milicianos?
Apesar da crescente expansão territorial, investigações apontam que, no que se refere às operações, traficantes e milicianos atuam de forma semelhante, cobrando taxas dos moradores e vendendo drogas. Entretanto, uma diferença crucial reside no método de controle territorial: enquanto a milícia promove um clima de medo por meio de ameaças, sem a presença visível de armamento pesado, o tráfico tende a cooptar jovens locais e promover ações de assistência social para consolidar sua presença.
Estas diferenças táticas entre as facções revelam estratégias adaptativas visando a manutenção e expansão de seus domínios, demonstrando a complexidade do cenário criminal na região. Consequentemente, impõe-se um desafio enorme às autoridades na busca por estratégias eficazes de combate e desmantelamento dessas redes criminosas, exigindo uma abordagem que vá além da repressão armada e ataque às estruturas financeiras que sustentam esses grupos.
À medida que 2023 se encerra, a situação no Rio de Janeiro ressalta a necessidade urgente de políticas públicas integradas e estratégias multidisciplinares para enfrentar a complexidade e resiliência das organizações criminosas, visando não apenas a retomada dos territórios, mas também a restauração da segurança e paz para os cidadãos.
O Antagonista
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